A contabilidade para organizações sem fins lucrativos (OSFL) é uma área especializada que apresenta particularidades em relação à contabilidade tradicional. Essas diferenças são fundamentais para garantir a transparência e a responsabilidade na gestão dos recursos, uma vez que essas organizações dependem de doações, subsídios e outras formas de financiamento que exigem um controle rigoroso.
Diferenças na Contabilidade
Especificidades da contabilidade para ONGs
A contabilidade para ONGs possui características distintas que a diferenciam da contabilidade de empresas com fins lucrativos. Entre as principais especificidades, destacam-se:
- Objetivo Social: O foco principal das ONGs é o cumprimento de sua missão social, e não a geração de lucro. Isso altera a forma como os recursos são geridos e reportados.
- Classificação de Receitas: As receitas das ONGs são frequentemente provenientes de doações, patrocínios e subvenções governamentais. Essas fontes precisam ser registradas de maneira clara para garantir a rastreabilidade.
- Relatórios Financeiros: As ONGs devem elaborar relatórios financeiros que demonstrem a aplicação dos recursos em projetos e atividades sociais. Esses relatórios são essenciais para a prestação de contas aos financiadores e à sociedade.
- Transparência e Prestação de Contas: A transparência é um princípio fundamental na contabilidade das ONGs. Elas devem disponibilizar informações financeiras acessíveis ao público, demonstrando como os recursos são utilizados.
- Planejamento Orçamentário: O planejamento orçamentário nas ONGs deve ser orientado por objetivos sociais, com ênfase na alocação eficiente dos recursos disponíveis.
- Doações e Contribuições: As doações podem ter restrições específicas quanto ao uso dos fundos, o que exige um controle rigoroso sobre como esses recursos são aplicados.
- Atividades Não Operacionais: Muitas ONGs realizam atividades que não geram receita direta, como eventos beneficentes ou campanhas de conscientização, que também precisam ser contabilizadas adequadamente.
Regulamentações e Normas
Normas específicas que devem ser seguidas
As organizações sem fins lucrativos devem seguir uma série de regulamentações e normas contábeis para garantir a conformidade legal e a transparência em suas operações. Algumas das principais normas incluem:
- Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC): As NBCs estabelecem diretrizes gerais para a contabilidade no Brasil, incluindo aquelas aplicáveis às ONGs. É crucial que essas organizações estejam atentas às normas específicas que regem sua atuação.
- Lei 13.019/2014: Esta lei estabelece o regime jurídico das parcerias entre a administração pública e as organizações da sociedade civil (OSCs), incluindo diretrizes sobre a prestação de contas.
- Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS): Embora não sejam obrigatórias para todas as ONGs, algumas podem optar por adotar as IFRS, especialmente aquelas que operam em nível internacional ou que têm relações com entidades estrangeiras.
- Código Civil Brasileiro: O Código Civil contém disposições relevantes para as associações e fundações, incluindo regras sobre a prestação de contas e a responsabilidade dos gestores.
- Tributação: As ONGs devem estar cientes das isenções fiscais disponíveis, mas também das obrigações tributárias que podem se aplicar dependendo da natureza de suas atividades.
- Auditorias Independentes: Algumas ONGs podem ser obrigadas a realizar auditorias independentes, especialmente se recebem recursos públicos ou se seus financiadores exigem essa prática como condição para o apoio financeiro.
- Orientações do Conselho Federal de Contabilidade (CFC): O CFC fornece orientações adicionais sobre práticas contábeis específicas para entidades sem fins lucrativos, ajudando-as a manter conformidade com as melhores práticas do setor.
Conclusão
A contabilidade para organizações sem fins lucrativos é uma área complexa que exige atenção às especificidades legais e normativas. A adoção de práticas contábeis adequadas não só garante a conformidade legal, mas também promove a confiança dos doadores e da sociedade nas atividades desenvolvidas pela organização.